sexta-feira, 24 de julho de 2015

DEIXANDO DE LADO OS TONS DE CINZA

Desde que foi lançado em 2011, o livro “Cinquenta Tons de Cinza”, tem causado muita discussão em relação à sexualidade feminina. Para algumas pessoas a série, que conta ainda com os livros “Cinquenta Tons mais Escuros” e “Cinquenta Tons de Liberdade”, nada mais é do que uma linda história de amor, onde há libertação de um lado e cura de outro.
Para outros, no entanto, trata-se de uma obra promíscua e nojenta, repleta de pornografia e sadomasoquismo. Existem ainda aqueles que tentam achar “tons de cinza” em meio aos acalorados debates. E esse conflito não está somente no meio secular, ele existe também dentro das igrejas. E nem poderia deixar de ser, pois, afinal, o cristão também é um ser sexual.
A triologia 50 Tons conta a história de Anastasia Steele, uma jovem cheia de temor em relação a sua sexualidade que se apaixona pelo bilionário Christian Grey, um pervertido sexual. Em nome deste ”amor”, ela acaba se transformando em uma escrava sexual do seu amado. Já no final do terceiro livro da série, é o Sr. Grey que está escravizado pelo “amor” que descobre sentir por sua “Ana”.
Observando a chamada ética teleológica[1], se no final das contas o senhor Grey foi curado de sua "tara" e Anastasia foi liberta de seus pudores, tudo está bem, tudo é lindo, é belo, é maravilhoso. Mas, em conformidade com a ética deontológica[2], o fim não justifica os meios e, por isso, o comportamento do casal, em toda a sua trajetória, não foi dos mais corretos.
Nesse caso, algumas perguntas que ficam são:

- Como mulher cristã, qual a posição ética que devo tomar?
- Quais os padrões que devo seguir para definir a minha sexualidade?
- Ler um livro como esse pode me ajudar nessa definição? 

Foi pensando em questões como essas que Dannah Gresh e Juli Slattery escreveram o livro “Deixando de lado os tons de cinza”. Publicado no Brasil pela Editora Esperança o livro apresenta uma visão bíblica que responde a essas e outras perguntas sobre a sexualidade feminina. 
Como afirmam as autoras, “Deixando de lado os Tons de Cinza” não é uma mera reação à triologia “Cinquenta Tons de Cinza”, mas sim uma obra que pretende oferecer um olhar pessoal sobre as necessidades, os anseios, as perguntas e a integridade da mulher cristã, mostrando que ela pode sim ser sexual sem deixar de ser espiritual.
De fato, a abordagem do livro não fica somente na questão bíblico/espiritual, ela abrange também questões que dificilmente são debatidas nas igrejas, mas que fazem parte da vida da mulher cristã como: sentir-se sexualmente viva; fantasias e desejos; distorções sexuais; o que é cinza e o que de fato é preto e branco; o que é saudável e o que não é; pornografia e promiscuidade; orgasmo; entre outros.
Diante de temas como esses, é importante ressaltar que “Deixando de lado os Tons de Cinza” não é um simples escrito de pessoas religiosas contrárias a “revolução sexual” da triologia “Cinquenta Tons de Cinza”, mas sim um trabalho produzido por profissionais com larga experiência na temática, cuja maior preocupação é o impacto negativo que obras com teor erótico como a série 50 Tons têm causado na vida de muitas mulheres.
Nesse sentido, as autoras contradizem, por exemplo, o enganoso pensamento de que a fantasia erótica apresentada em “Cinquenta Tons de Cinza” é inofensiva. Segundo elas, a busca por esse tipo de estímulo sexual pode levar a pessoa a um desejo que não será satisfeito em um relacionamento autêntico do mundo real.
O que podemos entender com isso é que em decorrência desse tipo de estímulo, sempre haverá comparações, decepções e desejos impossíveis de serem supridos ou até mesmo realizados. A pergunta que fica nesse caso é: “Você procuraria outro(s) homem(ns) para satisfazer os desejos despertados pela literatura erótica, que o seu marido não consegue suprir?”. 
A propósito, é bom deixar claro que não é necessário ler a triologia “Cinquenta Tons de Cinza” para entender o livro “Deixando de lado os Tons de Cinza”. Seu conteúdo é direto, pratico e de fácil entendimento. Além disso, o livro apresenta ainda, no final de cada capítulo, perguntas que podem ser debatidas inclusive em grupos de estudos e, no final, uma série de ideias práticas para as “lutas” do dia-a-dia.  
Apesar de ser uma obra voltada para o público feminino, sua leitura é recomendada para os homens, pois, além dos princípios de uma sexualidade saudável e espiritual também ser importante para eles, certamente, com essa leitura, eles terão condições de entender um pouco mais do universo sexual feminino.

Laudo Leon


[1] De acordo com Grenz (2006 p, 32), o raciocínio teleológico enfoca as consequências da ação – nosso dever é praticar a ação que acarreta maior soma de bem e menor soma de mal, ou seja, que resulta em saldo favorável ao bem. Nesse tipo de abordagem, praticas como a mentira, o roubo e até mesmo um homicídio seriam válidas desde que o resultado geral seja considerado bom.
[2] A decisão ética deontológica, segundo Grenz (2006, p. 32) preocupa-se apenas com o que é intrinsecamente certo ou errado. A dimensão da ética deontológica seria a normativa, ou seja, a que está diretamente ligada à formação de padrões e princípios de vida, e que direcionam as ações e posicionamentos a serem tomados, ou seja, definem o que moralmente se deve ou não fazer.  
GRENZ, Stanley J. A busca da moral. São Paulo: Vida 2006.


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