Não
adianta querer sair das dívidas sem tomar atitudes comportamentais que nos
levem a isso. E a Bíblia ensina muito sobre o assunto.
Laudo Leon
Em todos os tempos,
controlar as finanças sempre foi um grande desafio para o homem. Mas hoje, com
o apelo consumista que domina o mundo, lidar adequadamente com o dinheiro
parece ser uma tarefa ainda mais difícil.
Quando se fala
em elaboração de planilhas, orçamento, manipulação de números, gastos, investimentos,
juros, percentuais, câmbio, inflação e outros termos técnicos, o cidadão comum é
levado a pensar que somente os profissionais da área, ou as pessoas mais
instruídas são capazes de lidar com essa situação. Assim, para
muitos, a economia tem a aparência de um gigante, um monstro indestrutível.
Porém,
para o administrador e empresário, Ion de Veer, o controle das finanças pessoais vai muito além da questão técnica.
Elas estão mais associadas ao comportamento pessoal do que aos números.
Para exemplificar, ele cita que existem pessoas que têm um bom
nível de instrução, mas são um desastre com suas finanças. Enquanto outros,
mesmo sem muita instrução, conseguem administrar seus ganhos de forma exemplar.
E essa discrepância entre o conhecimento e a prática, afirma Ion,
reside na falta de disciplina, ou melhor, na falta da atitude correta em um
assunto tão importante. E se o comportamento é a palavra-chave para quem quer sair
das dívidas, a Bíblia é pontual no tratamento dessa questão.
O assunto é
tratado com propriedade por Ion de Veer no livro “Minhas Finanças – Atitudes e ações para uma vida financeira bem sucedida”, publicado pela Editora Esperança. De
maneira simples e didática, Ion aborda temas como integridade, dívidas,
atitudes corretas, orçamento, mitos sobre o dinheiro, padrão de vida, noções
sobre investimentos e, inclusive, dízimos e ofertas.
Vários exemplos
práticos são citados e, logo de início, o leitor é levado a descobrir o seu
estilo em relação às finanças – o que, segundo o autor, é fundamental para a
mudança de comportamento.
Ion de Veer nasceu e reside na cidade de Curitiba. É membro da
Igreja Batista do Prado. É graduado em Administração de Empresas, com título de
especialista (MBA) em Gestão de Empresas.
Atuou durante muitos anos no mercado financeiro, o que o levou a
conviver com a dura realidade do endividamento e a conseqüente preocupação em
prover instrumentos que facilitem às pessoas mudar sua realidade financeira.
Hoje atua também como palestrante e consultor em finanças pessoais.
Leia abaixo a
entrevista feita com o economistas Ion de Veer.
Como surgiu a ideia
de escrever o livro Minhas Finanças?
Ion – Resumidamente três motivos me levaram a escrever o livro.
Primeiro, a minha vida. Cometi muitos erros e acertos, que foram um
aprendizado. Segundo, a convivência com endividados. Trabalhei muitos anos no
mercado financeiro, o que me levou a conviver de perto com a dura realidade do
endividamento. As dívidas são uma verdadeira escravidão, e não podemos ficar
omissos a essa realidade. Comecei a estudar e me aprofundar no assunto; lendo,
ouvindo e aprendendo com o exemplo de pessoas que viveram essa saga. Terceiro,
oferecer uma resposta. Muito foi escrito sobre esse assunto, mas nada mais
pontual do que a Bíblia, pois ela vai ao cerne da questão, que é o
comportamento. De nada adianta você saber que precisa sair das dívidas, se não
adotar práticas comportamentais que te impulsionem nesse sentido.
Qual o
diferencial desse livro em relação a outras publicações sobre finanças?
Ion - O mercado está “poluído” de obras que enfatizam a prática
financeira, mas não o comportamento que é essencial para que as práticas se
tornem uma realidade; razão pela qual optamos por essa vertente.
Você já passou
por dificuldades financeiras? Isso o ajudou no livro?
Ion - Não há pessoa neste mundo que não tenha tido algum tipo de
pressão financeira, e eu não sou uma exceção. A Bíblia é rica na alusão da
ansiedade como conseqüência dos nossos “medos” financeiros. A minha ansiedade
em contraste com a resposta Bíblica foram fundamentais na elaboração do livro.
Qual é o maior
inimigo das nossas finanças?
Ion - Vivemos numa cultura do “prazer imediato” (hedonismo), conseqüentemente
ninguém quer economizar para adquirir um bem. O consumo é imediatista. O
agravante do nosso país são os altos juros, o que torna a aquisição parcelada
extremamente cara. Um pensamento recorrente e totalmente errado é raciocinar
simplesmente se a parcela a ser paga “cabe no meu bolso” sem se fazer a conta
do valor final do bem.
Por que muitas
pessoas possuem conhecimento técnico, mas não conseguem controlar suas
finanças?
Ion - Voltamos à questão comportamental. Eu quero um bem, e quero
já! A maioria das pessoas sabe o que é um orçamento, mas simplesmente não o
faz, mesmo sabendo que é o melhor para a sua vida. O desejo desenfreado pelo
consumo nos priva da razão e nos leva a um jugo financeiro. Enquanto não
aprendermos a ter hábitos sadios, não seremos capazes de frear os nossos impulsos.
Quem ganha mais
tem menos problemas financeiros?
Ion - Estatisticamente falando, quem ganha mais, gasta mais, razão
pela qual o consumidor é “convencionado” pela sua faixa de renda. Portanto o
problema é comum, independente da renda, razão pela qual o comportamento
financeiro correto deve fazer parte da vida de todos.
Por que
precisamos ter disciplina, prioridades e persistência?
Ion - O comportamento correto nos leva a uma perspectiva correta
da vida. Se sempre vivemos acreditando em “mentiras” precisamos aprender a
viver pelas verdades.
O que pesa mais
em um orçamento, os grandes ou os pequenos gastos?
Ion - Os grandes gastos são perceptíveis, enquanto os pequenos
passam despercebidos. O problema é que a somatória dos pequenos gera uma conta
grande. Resumindo, um bom orçamento contempla e restringe a ambos, em função
das nossas disponibilidades.
Qual é o primeiro
passo para resolvermos nossos problemas financeiros?
Ion – Assim como em muitas compulsões prejudiciais à nossa saúde
integral, precisamos admitir a nossa realidade. “Tenho que ter consciência de
que estou com um problema e preciso de ajuda”. À primeira vista poderíamos
supor que a ajuda deve ser monetária, o que é um grande engano. O primeiro
passo está atrelado ao comportamento (atitudes, hábitos, disciplina), sabendo
que jamais mudaremos a realidade da nossa vida sem uma mudança profunda no
nosso comportamento.
Um orçamento bem
feito pode ajudar?
Ion - Um bom orçamento contempla a fórmula do sucesso financeiro,
ou seja, gastar menos do que recebe e aplicar a diferença. Preciso adaptar meus
gastos às minhas receitas, fazendo com que sobre um pouco para eventualidades
futuras. Nesse sentido não existe “milagre”, temos que nos adaptar à nossa
realidade, o que requer muita disciplina.
Qual é a
diferença entre a questão técnica e a questão pessoal das finanças?
Ion - A parte técnica ou prática só será eficaz se tivermos o
comportamento correto. Só serei capaz de cumprir com um orçamento bem
elaborado, se eu tiver hábitos e disciplinas que não me “permitam” extrapolar o
planejado.
Qual é a
diferença entre dívida e investimento?
Ion - Como saber se estou investindo ou contraindo uma dívida? A
pergunta nos leva a dois temas distintos. Primeiro, só poderei investir se
houver uma sobra no meu orçamento. Quanto a dívidas, podemos dividi-las em duas
categorias. Podemos chamar de “má dívida” aquela que é fruto da aquisição de
algo para o nosso simples consumo. Quando eu terminar de pagar, o bem já não
existe mais, ou na melhor das hipóteses vale bem menos do que o valor de
compra. Em contrapartida, a “boa dívida”
é fruto da aquisição de um bem de capital, ou seja, estou adquirindo algo que
presumivelmente tenderá a se valorizar com o tempo. Se eu compro um imóvel em
um lugar propenso a valorização, o mesmo em pouco tempo valerá mais do que o
meu compromisso financeiro. Em caso de necessidade, posso vender o imóvel,
saldar a dívida e auferir um lucro.
Qual é o
principal ensino bíblico sobre finanças?
Ion - Na minha ótica, Salomão resumiu em um versículo todo o
ensinamento Bíblico sobre finanças. Lemos em Provérbios 30.8-9: “Não me deixes ficar nem rico nem pobre,
porque se tiver mais do que o necessário, poderei dizer que não preciso de ti;
e se eu ficar pobre poderei roubar e envergonhar o teu nome”. A palavra
chave é o equilíbrio, justamente para evitar a arrogância, orgulho e por outro
lado a total dependência.
Como Deus vê as
dívidas?
Ion – A palavra dívida
está associada à escravidão (exp. Provérbios 22.7).
É importante
pedir ajuda de Deus em relação aos problemas financeiros?
Ion - A oração é fundamental, pois no contexto Bíblico ela deve
ser fruto de um reconhecimento da verdade. Devo admitir meus erros diante de
Deus, e estar disposto a deixá-los. Esse processo é altamente terapêutico e
abre perspectivas de mudança. Deus respeita os nossos desejos (livre-arbítrio)
e a partir do momento que passamos a sonhar e agir dentro de uma perspectiva
Bíblica, milagres acontecem.
O dízimo deve
fazer parte do nosso orçamento?
Ion - O dízimo está associado à gratidão, ou seja, retribuo com
um pouco do muito que Deus tem me dado. Portanto, as ofertas (independente do
percentual) devem fazer parte do nosso orçamento. O grande erro reside no fato
de acharmos que podemos “comprar as benesses” de Deus através do dízimo.
No seu entender, o
que significa a palavra prosperidade?
Ion - Eu gosto de associar a palavra prosperidade à dignidade. Uma
vida digna não é marcada por excessos ou extremos, mas tal qual uma construção,
um tijolo de cada vez. A dignidade nos leva a buscar um crescimento
equilibrado. Não podemos nos iludir com falsos sonhos de “riqueza” sem ações
concretas que nos levem a dias melhores. Da mesma forma, só existe dignidade se
a mesma puder ser compartilhada com o nosso “próximo”.
Laudo Leon
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