ESTUDO - MOISÉS e a Liderança Compartilhada 1

Texto para leitura Êxodo 4.1-16 

Todos sabem que Moisés foi o grande líder escolhido por Deus para libertar Israel da escravidão no Egito e conduzir esse povo rumo a Terra Prometida. O que muitas vezes deixamos de observar, ou não damos a devida importância, é que Moisés nunca trabalhou sozinho.  

Nessa série de estudo vamos destacar como, desde o início, Moisés contou com o imprescindível apoio de auxiliares (também levantados por Deus), que realizaram tarefas fundamentais para o alcance do sucesso nessa impressionante missão.   

Ao nos atentarmos para esse detalhe, veremos que todos que servem ao reino de Deus, naquilo para o qual foram designados, são importantes para Ele.  O apóstolo Paulo entendeu isso perfeitamente quando fez a comparação da igreja com o corpo humano. (1º Co 12).  

Assim como no corpo humano um membro/órgão completa a função do outro, os auxiliares de Moisés foram o complemento daquilo que ele não sabia, não conseguia ou não podia fazer.  

A CABEÇA PENSANTE E A BOCA FALANTE 

Ao ser chamado por Deus para libertar o povo da escravidão no Egito, Moises demonstra uma tremenda insegurança em relação a sua condição e capacidades. Ele reconhece seus medos e fraquezas e tenta fugir da responsabilidade:  

Aí Moisés respondeu a Deus, o SENHOR: – Mas os israelitas não vão acreditar em mim, nem vão dar atenção ao que eu falar e vão dizer que o SENHOR não me apareceu. (Ex 4.1) 

Possivelmente, pensando no que havia acontecido no passado, no Egito, Moisés diz primeiro que não terá crédito diante do povo, e afirma que o povo não reconhecerá que Deus lhe deu essa tão importante missão. Deus então lhe dá o poder de fazer milagres (v 2-9) a fim de que os israelitas reconheçam sua autoridade nessa missão. 

Porém, resolvido esse grande problema, Moisés apresenta outra “desculpa” para convencer Deus a escolher outra pessoa: sua deficiência de fala. 

  

Moisés respondeu ao SENHOR: – Ó Senhor, eu nunca tive facilidade para falar, nem antes nem agora, depois que começaste a falar comigo. Quando começo a falar, eu sempre me atrapalho. (Ex 4.10) 

Deus dá uma bronca em Moisés e mostra que isso não era desculpa, pois Ele, como onipotente criador, poderia facilmente resolver a questão e fazer de Moisés um grande orador.  

Porém o SENHOR lhe disse: – Quem dá a boca ao ser humano? Quem faz com que ele seja surdo ou mudo? Quem lhe dá a vista ou faz com que fique cego? Sou eu, Deus, o SENHOR.  Agora vá, pois eu o ajudarei a falar e lhe direi o que deve dizer. (Ex 4.11-12) 

Mesmo assim Moisés ainda tenta se esquivar da missão e novamente pede para que Deus envie outra pessoa. Mas ao invés disso, Deus dá outra solução: 

Então o SENHOR ficou irritado com Moisés e disse: – Por acaso Arão, o levita, não é seu irmão? Eu sei que ele tem facilidade para falar. Além disso, ele está vindo para se encontrar com você e vai ficar contente ao vê-lo. Você falará com Arão e lhe dirá o que ele deve dizer. Eu os ajudarei a falar e direi o que vocês devem fazer. Arão falará ao povo em seu lugar. Ele será o seu representante e falará ao povo por você. E você será como Deus para ele, explicando o que ele deve dizer. (Ex 4.14-16) 

Como a história nos revela, Moisés era um homem sábio, um filósofo, um estadista, hábil escritor, de grande conhecimento tanto da cultura egípcia quanto da vida no deserto e que, acima de tudo, tinha uma comunicação direta com Deus.  

Mas ao mesmo tempo, como cada um de nós, ele tinha suas limitações, nesse caso, uma grande dificuldade de se expressar verbalmente. Daí o seu medo de falhar na grande missão que lhe estava sendo apresentada.  

- É claro que Deus sabia desse problema e dos medos de Moisés.  

- É claro que Deus poderia facilmente resolver esse questão. 

- Sim, Deus poderia operar um milagre e criar um Super Moisés. 

- Mas, no contexto bíblico vemos que não é assim que Deus trabalha.  

- Deus gosta que o trabalho seja comunitário, como no corpo humano que ele criou. 

Então, mesmo antes de Moisés criar suas desculpas, Deus já havia providenciado um auxiliar que tinha exatamente o que Moisés não tinha. E algo muito importante nisso tudo é que Moisés, humildemente, sabendo de suas limitações, aceitou ter esse auxiliar do seu lado.   

Usando a comparação do corpo humano, podemos dizer que Moisés foi a cabeça pensante enquanto Arão foi a boca falante. Um complementando o outro e ambos dirigidos por Deus.  

Na continuidade do texto, sempre que preciso e conforme a vontade de Deus, vemos esse trabalho cooperativo funcionando perfeitamente:  

E o SENHOR disse também a Moisés: – Diga a Arão que pegue o bastão e estenda a mão sobre os rios, os canais, os poços e os reservatórios, para que as suas águas virem sangue. Assim, haverá sangue até nas tigelas de madeira e nas jarras de pedra. Moisés e Arão fizeram como o SENHOR havia mandado. Na frente do rei e dos seus funcionários, Arão levantou o bastão e bateu no rio, e a água virou sangue. (Ex 7.19-20) 

Sim! Esse é o tipo de liderança compartilhada que Deus quis para aqueles dias e que ainda quer para a igreja de hoje. Em tudo Deus estabelece líderes, mas estabelece também auxiliares que complementam o trabalho do líder. Trata-se, portanto, de uma liderança compartilhada onde cada um executa a função que lhe foi atribuída para que a missão completa, que é de Deus, seja cumprida. 

Laudo Leon